RESUMO: Neste episódio, Heloisa compartilha como despertou para a crise climática ao participar do Mural do Clima. Fala sobre o impacto emocional desse “momento deu merda” e o tempo necessário para processar tudo. Reflete sobre o que muda por dentro quando a gente entende a gravidade da situação. E convida quem ouve a dividir suas próprias vivências com o clima.

Trilha: “Fantasia para 2 flautas”, por Orchestralis (Envato)
Locução na vinheta: Mónica Baña, intérprete de conferências

Instagram: https://instagram.com/nossasmudancasclimaticas
Site: https://nossasmudancasclimaticas.com.br

LINKS MENCIONADOS:

Mural do Clima
Participe de uma oficina online para entender as causas e consequências das mudanças climáticas com base nos dados do IPCC.
https://climatefresk.org/pt-br/

Livro Climate Vocabulary for the Future, de Herb Simmens
Uma coletânea de termos e neologismos para compreender e comunicar a crise climática.
https://www.herbsimmens.com/a-climate-vocabulary-of-the-future-2nd-edition/

TRANSCRIÇÃO: Oi, aqui é a Heloisa, esse é primeiro episódio do Nossas Mudanças Climáticas. A ideia aqui é comentar o impacto da emergência climática na vida cotidiana, abordando variados temas.

Meu objetivo ao fazer monólogos temáticos como esse é só mesmo delimitar o tipo de conversa que estou propondo. Tem tanta abordagem possível pra conversar, tanto ponto de vista, tanta crença e descrença envolvidas.

Tudo bem, podcast não é lugar de conversar, mas sim de ouvir. Tô sabendo. Mas a minha proposta envolve a gente também conversar em encontros mensais. A princípio esses encontros acontecem por Google Meet. Você pode ver a data do próximo encontro no nosso site ou no Instagram. Os links estão na descrição deste episódio.

Então, aqui no podcast eu só lanço uns temas que podem ser ponto de partida pra conversar depois….ou não. A conversa olho no olho pode ser sobre outros assuntos.

E tudo bem se você só quiser ouvir o podcast e nem pensar em participar desses encontros. Por outro lado, quem quiser ir só nos encontros sem acompanhar o podcast, tranquilo. A gente vai indo aqui conforme a vontade do freguês e da freguesa.

Tudo que eu compartilhar contigo deriva da minha vivência desde que eu despertei para a enormidade da crise climática. Foi em uma noite no mês de outubro de 2023, quando eu participei de uma oficina online do Mural do Clima.

O Mural é um jogo de cartas com causas e consequências das mudanças climáticas, usando dados científicos do painel climático da ONU, o IPCC – Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas.

O Mural no Clima surgiu na França, criado pelo francês Cedric Rigenbach em 2018. É pra ser jogado em grupo e leva 3 horas. Na descrição do episódio tem um link pra você conhecer o Mural do Clima e participar de uma oficina online.

Já nos primeiros minutos fazendo o Mural do Clima eu fui vendo o quadro se desenhar a partir do que eu e os colegas que estavam naquela sessão íamos conversando e percebendo, os links que íamos estabelecendo a partir das cartas do mural, que são puramente dado científico. Não tem opinião nem ideologia no Mural do Clima: são só fatos cientificamente documentados que geram consequências.

Cheguei ao fim da oficina entendendo que a crise era bem maior do que só um desequilíbrio nos sistemas do clima – e esse SÓ é bem entre aspas, porque a instabilidade do sistema climático já bagunça tudo.

Eu passei pelo momento que o escritor Herb Simmens define em inglês como OH SHIT MOMENT. Traduzindo em português claro, seria Momento Deu Merda (desculpa o palavrão).

O Herb Simmens tem esse livro chamado CLIMATE VOCABULARY FOR THE FUTURE, publicado em inglês, sem edição em português quando eu gravei esse episódio. Tem o link pro livro aqui na descrição. É uma compilação de termos relacionados às mudanças climáticas, alguns neologismos já em circulação e termos inventados pelo autor para descrever a nova situação climática que o mundo vive. Livro bem interessante, viu? Bem humorado e leve na medida do possível.

O Verbete OH SHIT MOMENT diz o seguinte:

O “Momento Deu Merda” é aquele instante em que a pessoa sente, nas entranhas, o peso da crise climática — a realidade imensa, a urgência esmagadora e o     horror do que está acontecendo. E como é difícil enfrentar tudo isso. Esse baque costuma vir junto com uma sensação de impotência, ou uma estranheza que    faz parecer que nada é real. Nessas horas, pode ser fundamental ter apoio de amigos ou familiares pra conseguir processar tudo. A expressão foi usada pela primeira vez pelo jornalista americano Mark Hertsgaard, em 2009.

Acho essa definição maravilhosa, perfeita.
Voou complementar aqui com a minha vivencia pessoal.

O “Momento Deu Merda” é quando você se sente atordoada, com angústia e medo. Fica sem processar direito o que tá acontecendo, mas já sentindo que uma coisa muito grande saiu do trilho. E imediatamente depois vai se dando conta de que várias outras coisas muito grandes estão saindo ou já saíram do trilho quase ao mesmo tempo.
Quando a gente se dá conta disso tudo, pode ajudar saber se outras pessoas pensam e sentem igual. Saber o que elas estão fazendo, como conseguem lidar com tudo isso, se conseguem. Se pessoas próximas a elas estão reagindo de forma parecida. E, principalmente, o que elas já estão fazendo no dia a dia delas para se adequar da melhor forma possível, garantindo a sua qualidade de vida daqui pra frente.
Só que antes, a gente precisa de um tempo interno para respirar, processar, assimilar, deixar essa poeira toda assentar. Esse tempo pode levar dias, semanas, meses. Há quem viva esse tempo interno de forma solitária, há quem    prefira viver de forma solidária, compartilhando com mais gente.
Depois, parte-se para ação. 
O momento 'Deu Merda" nos desafia a firmar o pé no chão, mas em um outro chão diferente do que a gente veio pisando até agora. 

A partir do meu momento OH SHIT, e fui estudando, refletindo, conversando, me angustiando. Fui aprendendo a sossegar um pouco essa angústia. ao me dar conta e aceitar que o clima mudou e a minha vida tinha que se adaptar. E olha, eu encontrei caminhos para me sentir mais feliz do que antes desse despertar que é sempre tão pesado, por estranho que pareça.

No próximo episódio eu vou comentar como cheguei a esse lado bom da aceitação de um desmoronar de contexto geral, do qual o clima é só o principal indício.

Nem sei quantas milhares de horas eu já acumulei tendo contatos com conteúdos sobre as mudanças climáticas. Esse novo conhecimento se mesclou à minha bagagem profissional. Tenho mais de 30 anos tornando assuntos difíceis mais fácies de entender, primeiro na música clássica e mais recentemente na informação governamental com a lente da Linguagem Simples.

Mas, claro, processar o peso da crise climática requer apoio, pessoas com quem trocar e conseguir metabolizar o que a gente vai se dando conta. Eu achado difícil encontrar gente com quem dialogar em português,

E você, já viveu algo parecido com esse momento DEU MERDA em relação à crise climática?

Ou será que você está agora em um momento diferente. Com preocupação quanto ao extremo de calor, enchente, seca e incêndio que já impactou a sua rotina, mas sem saber muito bem o que fazer com essas sensações.

Vou gostar muito de conhecer a sua história.

Basta escrever para o email nossasmudancasclimaticas@gmail.com ou comentar no Instagram @nossasmudancasclimáticas.

Te agradeço a companhia e te espero no nosso próximo episódio. Até lá.

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